A Ocupação Zumbi dos Palmares, na Avenida Venezuela, tem o número 53 e é uma das ocupações visitadas, com aspecto de abandono e cheiro de urina.
O odor de urina é intenso ao se aproximar do prédio. Colchas substituem as janelas. Plantas crescem pela fachada, conferindo ao edifício de oito andares um ar adicional de desolação. Tudo aparenta estar se desmoronando, se deteriorando aos poucos, afetando as ocupações que ali residem.
No entanto, por trás da aparência decadente, aquelas residências abrigam famílias que lutam diariamente para manter um lar digno. Mesmo diante das condições precárias, a esperança persiste, alimentando a vontade de transformar aquele ambiente em um lugar melhor para suas ocupações. É um cenário de adversidades, mas também de resiliência e determinação.
Ocupações na Avenida Venezuela: Realidades e Desafios
No portão de ferro preto da entrada, dois algarismos pintados em branco informam, ao correio, que ali é o número 53 da Avenida Venezuela, na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro. O aspecto de abandono é evidente, contrastando com a movimentação das ocupações que ali residem.
A ocupação Zumbi dos Palmares, localizada no centro do Rio, é um exemplo marcante desse cenário. O imóvel, oficialmente interditado pela Defesa Civil, abriga cerca de 100 pessoas em condições insalubres e inseguras. Famílias inteiras encontraram nesse local a única alternativa viável de moradia, em meio a um total de 69 edificações abandonadas na região central da cidade.
Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Observatório das Metrópoles e Central de Movimentos Populares, 2.435 famílias sem teto encontraram nas ocupações uma forma de sobrevivência. Dentre os 50 imóveis privados ocupados, 72,5% são prédios verticalizados, enquanto os restantes são de propriedade pública.
As visitas realizadas em 30 ocupações revelaram a diversidade de famílias que ali residem. Mães solos, crianças, idosos, migrantes e outros grupos sociais vulneráveis compartilham cômodos improvisados, lutando por um espaço digno de moradia. A ocupação Zumbi dos Palmares, em especial, abriga dezenas de famílias em situações precárias, enquanto a região recebe investimentos milionários para revitalização.
Desde sua primeira ocupação em 2005, o coletivo de moradores enfrentou desafios e retiradas forçadas, apenas para retornar diante da persistente situação de abandono do local. Com a pandemia de covid-19, a incerteza sobre o futuro dessas ocupações se intensifica, especialmente no caso do número 53 da Avenida Venezuela.
O edifício, pertencente ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), está há anos sem uso e é alvo de disputas judiciais para reaver a posse. Antiga sede do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (Iapetec), o prédio permanece classificado como ‘não operacional’, enquanto as famílias que ali residem lutam por um lar digno em meio às adversidades urbanas.
Fonte: @ Agencia Brasil
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