A sobrecarga de informação melhora confiança, já a precisão das estimativas onda no debate lideranças do partido.
Após um longo período lidando com uma enxurrada de solicitações e exigências, Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, enfim, decidiu atender às pressões e desistir de concorrer à reeleição pelo partido democrata. As informações sobre sua decisão foram recebidas com surpresa e especulações sobre os motivos por trás dessa escolha.
Enquanto o mundo absorvia as notícias da renúncia de Biden, surgiram diversos debates sobre o futuro político do país e as possíveis consequências dessa mudança. O conteúdo das discussões refletia a incerteza e a expectativa em relação aos próximos passos do cenário eleitoral nos Estados Unidos.
Reflexões sobre a busca por informações
Desde seu desastroso desempenho na onda de pedidos com Donald Trump, em 27 de junho, a imprensa de início; seguida por doadores de campanha; e, por fim, lideranças do partido; vinham se manifestando publicamente, ou não, a favor de sua abdicação. A necessidade de dados e notícias para embasar as opiniões era evidente.
Como não poderia deixar de ser, já no próprio domingo, dia 27 de julho, imprensa e sites de notícias já especulavam sobre quem será o novo candidato do partido democrata, as implicações no rumo da disputa eleitoral, os efeitos no mercado financeiro. Em especial, nos preços dos ativos e nos investimentos. A busca por conteúdo relevante era constante.
Por dever de ofício tenho lido tudo quanto posso sobre o assunto. Muita coisa se repete, outras se complementam e umas poucas se contradizem. O exercício é passar batido pela redundância, prestar atenção no resto, identificar os argumentos mais sólidos e ir formando uma opinião. A análise dos dados era crucial para uma compreensão mais ampla.
Segunda-feira (22), logo pela manhã, já comecei o dia com mensagens de alguns amigos e alunos mais próximos, perguntando sobre quais os impactos na economia, nos investimentos e, a questão inevitável, o que deveriam fazer. A demanda por informações era crescente.
É impressionante como, diante de uma ameaça ou algo que pareça como tal, temos um impulso para tomar uma atitude. É como alguém que ouve, muito próximo de si, um rugido em meio a uma floresta e se põe a correr em busca de proteção. Pode ser que seja a melhor coisa a fazer, mas muitas vezes a melhor decisão é ficar quieto e se fingir de morto. A reflexão sobre as notícias recebidas era essencial.
Nestes momentos, como na eleição americana, em que parece estarmos diante de um fato disruptivo ou coisa parecida, a ansiedade costuma dominar. O afã por mais e mais informações que nos permitam tomar a melhor decisão é inevitável. Daí vem a busca incessante e o estresse decorrente. A análise constante do conteúdo disponível era crucial.
Em um processo de tomada de decisão instintivamente buscamos conforto cognitivo, reduzir a ansiedade e a apreensão e ter mais informações é sinônimo de segurança que pode reduzir o tal desconforto. Pelo menos é no que queremos acreditar. A importância de dados confiáveis era inegável.
Alguns acadêmicos na área da economia comportamental costumam estudar o efeito da quantidade de informação na acurácia das estimativas e no incremento da confiança. Um estudo clássico, empreendido ainda na década 70 por Paul Slovic, encontrou evidências de que mais informação eleva a confiança de quem faz as projeções, mas não melhora sua precisão. A análise cuidadosa dos dados era fundamental.
Em uma pesquisa feita com apostadores contumazes de corridas de cavalo, foram, inicialmente, passadas 88 variáveis que poderiam explicar o desempenho dos animais nas competições. Na sequência, eles tiveram de classificá-las conforme sua relevância para as projeções. A importância dos dados na tomada de decisão era clara.
Então foram fornecidos dados de 45 corridas e solicitado que indicassem quais teriam sido os 5 primeiros colocados em cada uma. Detalhe relevante: as previsões foram feitas em rodadas nas quais os apostadores indicavam seus favoritos. A cada rodada eles recebiam mais incrementos de informações, algo como 5 na primeira, mais 10 na segunda, mais 20 na terceira e mais 40 na última. A análise detalhada dos dados era crucial para o sucesso das projeções.
A cada rodada, além da lista de favoritos, eles precisavam indicar seu nível de confiança. A avaliação constante dos dados era essencial para a precisão das previsões.
Fonte: @ Valor Invest Globo
Comentários sobre este artigo