Homenagem a escritoras negras no Festival Latinidades com destaque para a capital federal, mulheres pardas 28,3% e escrita feminina.
No derradeiro dia do 17º Festival Latinidades em Brasília, as escritoras negras da região se reuniram no Museu Nacional da República, no centro da capital, para um sarau onde compartilharam poemas e textos em prosa. Esse encontro acontece regularmente há quatro anos e é promovido pelo coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF.
Além disso, as autoras negras presentes no evento destacaram a importância de espaços como esse para promover a visibilidade e valorização da produção literária feita por mulheres negras. A troca de experiências e a conexão entre as escritoras negras fortalecem a representatividade e a diversidade no cenário cultural da cidade.
Encontro Julho das Mulheres Pretas que escrevem no DF
O coletivo, cujo nome remete ao Mês da Mulher Preta Latino-Americana, tem como objetivo principal incentivar a produção literária das escritoras negras e a publicação de suas obras. A iniciativa liderada por Waleska Barbosa, escritora e jornalista, visa dar visibilidade e voz às autoras negras, um grupo significativo na capital federal.
Mulheres negras representam a maior parcela da população brasileira, totalizando 60,6 milhões de pessoas, das quais 11,30 milhões são mulheres pretas e 49,3 milhões são mulheres pardas, correspondendo a 28,3% da população, conforme dados do Censo de 2022 do IBGE. Waleska Barbosa destaca a importância de reconhecer a contribuição dessas mulheres para a cultura nacional, ressaltando a escassez de representatividade e reconhecimento na literatura.
Apesar do impacto significativo da mulher negra em diversos aspectos da sociedade brasileira, sua presença na literatura é historicamente limitada. A escritora menciona que apenas três autoras costumam ser lembradas: Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e Maria da Conceição Evaristo de Brito, que, apesar de suas obras marcantes, enfrentaram desafios para terem seus trabalhos reconhecidos.
Conceição Evaristo, por exemplo, teve um livro guardado por mais de duas décadas antes de ser publicado, evidenciando as barreiras enfrentadas pelas escritoras negras. O encontro promovido pelo coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF visa justamente combater essa realidade, proporcionando um espaço para publicação e diálogo entre as autoras.
Waleska Barbosa ressalta que a ausência de vozes femininas e negras na literatura brasileira resultou na predominância de narrativas construídas por homens brancos, muitas vezes caricaturando personagens marginalizados. Essas representações estereotipadas, como a da empregada ou da mulher hipersexualizada, perpetuam preconceitos e distorções culturais.
Para desafiar esses estereótipos e promover a diversidade na literatura, o coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF presta homenagem a autoras locais de diferentes gerações, como Adelaide Paula, Ailin Talibah, Conceição Freitas, Elisa Matos, Norma Hamilton, Giovana Teodoro e Lourdes Teodoro. Essas escritoras representam a força e a diversidade das vozes femininas negras na escrita contemporânea.
Fonte: @ Agencia Brasil
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