Jogador compulsivo atingido pela facile acesso a aposta online e marketing agressivo no R$ 120 bilhões de mercado. Casas de apostas, promessas rápidas, jogo, investimento, retorno, curso, influenciadores, universos desconhecidos, primeiras e segundas entradas, menores ganhos, maiores dividas, cerca de R$ 100 mil, única jogada movimentou R$ 1 milhão. Empréstimos, cartões de crédito, agiotas, economias, mentiras, banheiro, madrugada, separação, dez anos juntos, PRO-AMJO, serviço, 80 novos pacientes em 2023, 160. Online gambling’s ease and aggressive marketing revitalized compulsive player in Brazil’s R$ 120 billion market. Betting houses, quick wins, game, investment, return, education, influencers, unknown worlds, first and second chances, smaller winnings, larger debts, around R$ 100 thousand, single bet moved R$ 1 million. Loans, credit cards, brokers, savings, lies, bathroom, late night, separation, ten years together, PRO-AMJO, service, 80 new patients in 2023, 160.
Tudo corria bem. Há dois anos, Gabriel largou o emprego de 16 anos em uma grande empresa para finalmente se aventurar no ramo da tecnologia. Sonho antigo — o futuro parecia promissor. No entanto, os problemas financeiros logo apareceram. Gabriel se viu em apuros e se entregou às apostas esportivas online — as bets poderiam ser uma forma de investimento com retorno rápido.
Com o passar do tempo, o que parecia uma solução rápida se transformou em um vício. As bets se tornaram um jogo de apostas perigoso, levando Gabriel a perder mais do que ganhava. A realidade das apostas esportivas online se revelou muito mais cruel do que ele imaginava. Mesmo assim, Gabriel persistia, acreditando que poderia reverter a situação. No entanto, a linha tênue entre diversão e vício no jogo de apostas estava cada vez mais borrada.
Os perigos do vício em bets
Gabriel fez um curso com influenciadores para se inserir em um universo desconhecido, o jogo de apostas. Tudo começou a desandar. Ele admite: ‘Eu não tinha controle’. O vício de Gabriel era em cassinos e apostas esportivas, as tão tentadoras ‘bets’. As casas de apostas online prometem ganhos rápidos, enquanto as possibilidades de ganhos maiores com entradas menores são sedutoras.
Com dívidas em torno de R$ 100 mil, em uma única aposta, ele chegou a lucrar R$ 50 mil. Em um período de três meses, movimentou incríveis R$ 1 milhão. A sensação de poder ao ganhar o impulsionava a continuar apostando, enquanto as perdas o faziam acreditar que a sorte mudaria na próxima vez. O ciclo vicioso se estabeleceu, levando-o a acumular dívidas.
Sem recursos, Gabriel recorreu a empréstimos, estourou os limites dos cartões de crédito e até negociou com agiotas. Chegou ao ponto de apostar as economias dos sogros. Mentiu para a família e amigos, escondendo seu vício em apostas, jogando secretamente no banheiro durante a madrugada. A situação chegou a um ponto insustentável, levando sua esposa a pedir a separação após uma década juntos.
A vergonha e a solidão se tornaram companheiras constantes. Desesperado, Gabriel tentou o suicídio. Após buscar ajuda, parecia que as coisas estavam sob controle, mas uma recaída recente o fez perder ainda mais. Um bônus de R$ 1,25 mil oferecido por uma casa de apostas, baseado em seu histórico, acabou custando R$ 4 mil. Hoje, aos 34 anos, ele depende financeiramente dos pais, algo inimaginável para alguém que sempre foi independente.
O interesse de Gabriel pelo futebol, especialmente seu time, foi substituído pela dor da decepção. Ele lamenta que uma das maiores empresas do Brasil seja patrocinadora do clube que ama. Sua história reflete a realidade de muitos que buscam tratamento para a dependência em apostas, um problema que cresce em ritmo acelerado, especialmente entre os dependentes de apostas online, como as bets.
O PRO-AMJO, um programa ambulatorial de tratamento do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, é um retrato fiel dessa realidade. Em 2023, o serviço recebeu o dobro de pacientes em relação a seis anos atrás, totalizando 160 novos casos. A maioria buscava ajuda para se livrar da compulsão por apostas, um sinal alarmante da mudança no perfil dos pacientes, cada vez mais jovens e numerosos.
A idade média dos dependentes tratados no PRO-AMJO diminuiu em uma década, refletindo a presença crescente de jovens de 18, 20, 25 anos em busca de auxílio. Grupos de apoio, como Jogadores Anônimos e SOS Jogador, agora acolhem até adolescentes. A preocupação dos especialistas com essa tendência é evidente, mostrando a urgência de lidar com a epidemia silenciosa da dependência em apostas, especialmente as bets.
Fonte: @ NEO FEED
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