Confie nos instintos para o sucesso, mesmo em meio a tragédias climáticas. Novas competências são essenciais para líderes empresariais.
Faz tempo que não mencionamos a pandemia da covid-19, não é mesmo? Tantas coisas ocorreram desde então. Hoje, os assuntos são a dengue, os infindáveis horrores na Ucrânia e Faixa de Gaza, as tragédias climáticas, a intuição artificial… O mundo é dinâmico, vivemos o presente, somos afetados por ele e tentamos reagir e seguir em frente. Mas 2020 já passou; e suas consequências serão sentidas por muitos anos.
Em meio a tantas notícias impactantes, é fundamental confiar em nossa intuição para navegar por esse mar de informações. É preciso ter um sentimento intuito aguçado para compreender a complexidade dos acontecimentos atuais. A perception astuta nos ajuda a enxergar além das aparências e a tomar decisões mais conscientes. Às vezes, um simples palpité pode nos guiar na direção certa em meio a tanta incerteza.
Intuição: O Poder da Percepção Astuta
Sei que é até heresia falar em ‘lado bom da pandemia’, mas existe ao menos um, palpável e bem-vindo: os líderes empresariais ficaram mais sensíveis. Tiveram que. Em uma live, na época pandêmica, um CEO, obviamente exagerando – mas de forma muito acertada –, pontuou: ‘Com a Covid-19, descobrimos que temos funcionários, fornecedores…’.Dito com outras palavras: ‘Tivemos que nos voltar às pessoas, sermos mais empáticos, próximos, humanos’. Claro que ninguém muda do dia para a noite; há traços estruturais de personalidade, mas, ao menos, não é mais aceitável um gestor que foque apenas nas entregas, e esqueça que quem as entrega são as pessoas.Nesta conversa, estamos falando também de novas competências que passaram a ser valorizadas, esperadas e até exigidas no mundo corporativo. O estudo ‘Seeking New Leadership’ é a minha principal referência no tema.Foi desenvolvido em 2020 pelo Forum of Young Global Leaders e Global Shapers Community (no âmbito do Fórum Econômico Mundial), em colaboração com Accenture, ouvindo mais de 20 mil pessoas globalmente por meio de grupos de discussão on line com as gerações Y e Z, pesquisas qualitativas e quantitativas, entrevistas com líderes e CEOs e análises de bancos de dados.O trabalho propõe o ‘Modelo de Cinco Elementos’, com as qualidades necessárias para que as lideranças naveguem bem na próxima década. São elas: Inclusão de Stakeholders, Emoção e Intuição, Missão e Propósito, Tecnologia e Inovação e Intelecto e Percepção.Quando apresento esse conteúdo em minhas aulas e palestras, provoco: ‘Intuição é coisa de mulher, né?’, evocando uma ‘verdade’ que sempre ouvi. Para rapidamente completar: ‘Não, é coisa do ser humano’. E uma ‘coisa’ que vem fazendo a diferença nos resultados.Veja como o documento descreve essa competência: Emoção e Intuição: Desbloquear o comprometimento e a criatividade sendo verdadeiramente humano, mostrando compaixão, humildade e abertura: • as pessoas são incentivadas a usar seu instinto e imaginação • a humildade desarma os stakeholders por meio da honestidade sobre limites pessoais ou vulnerabilidades • as pessoas são tratadas como fim, e não meio, inspirando engajamento emocional Lendo o estudo, me projetei para o início da minha carreira, há quase três décadas.Certamente, seria impensável, e até malvisto, estimular nos times o instinto, o acreditar em algo não palpável ou quantificável. E cá chegamos. Em 2024, vejo expoentes empresariais falando sobre intuição. Um exemplo vem do fundador da Arezzo, Anderson Birman, em entrevista ao jornalista Celso Masson, na revista IstoÉDinheiro, de novembro de 2023, sobre o lançamento de sua biografia.Quando perguntado sobre quais qualidades ele considerava as mais importantes para um gestor ter sucesso no meio da moda, sua resposta foi: ‘A intuição, que é algo impossível de se medir, mas fundamental em um negócio que precisa de criatividade para antecipar o que as clientes vão querer no futuro’.Alguns podem argumentar que no meio da moda é
Palpité: A Importância da Sensibilidade
necessário seguir tendências, números, estatísticas. Mas a intuição, o sentimento intuito, vai além. É a capacidade de perceber o que está por vir, de antecipar desejos, de inovar. Os líderes empresariais que compreendem a relevância da intuição estão um passo à frente. Eles entendem que a percepção astuta pode ser a chave para o sucesso em um mundo em constante transformação. As tragédias, sejam elas pandêmicas, climáticas ou de outra natureza, nos mostram que a empatia, a conexão humana, são mais importantes do que nunca. E é a intuição que nos guia nesse caminho, nos ajuda a tomar decisões mais alinhadas com nossos valores e propósitos. Os traços estruturais de personalidade podem ser importantes, mas a intuição é o que nos conecta com o mundo ao nosso redor, nos permite enxergar além do óbvio e criar soluções inovadoras. As novas competências exigem não apenas conhecimento técnico, mas também a capacidade de ouvir a voz da intuição, de confiar no nosso instinto para liderar com sabedoria e compaixão. Os líderes empresariais que cultivam essa habilidade estão preparados para enfrentar os desafios do futuro com coragem e determinação. A intuição não é apenas uma característica feminina ou masculina, é uma qualidade humana essencial que todos devemos desenvolver e valorizar em nosso percurso profissional e pessoal.
Fonte: @ Valor Invest Globo
Comentários sobre este artigo