Jovem negra grávida de seis meses morreu em 2002 por negligência. Caso expôs falhas no cuidado humanizado e direitos humanos, levando à criação de um Comitê para Eliminação da Discriminação Racial na Rede Cegonha da Organização das Nações.
O governo federal deu início a uma nova iniciativa para melhorar a saúde materna no país, com o objetivo de reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027. A Rede Alyne, lançada em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, é uma reestruturação da antiga Rede Cegonha, que visa oferecer cuidados de qualidade a gestantes e bebês na rede pública de saúde.
Com foco em reduzir a desigualdade racial, a Rede Alyne também busca diminuir a mortalidade materna entre mulheres pretas em 50% no mesmo período. Essa iniciativa é um passo importante para melhorar a saúde materna no país e garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de qualidade, independentemente da cor da pele. A saúde das mulheres é fundamental para o desenvolvimento do país. Com a Rede Alyne, o governo federal está trabalhando para criar um programa mais eficaz e inclusivo para atender às necessidades das mulheres em todo o Brasil.
A História por trás da Rede Alyne
A iniciativa da Rede Alyne é uma homenagem à jovem Alyne Pimentel, uma jovem negra que faleceu aos 28 anos, grávida de seis meses, devido à falta de atendimento adequado na rede pública de saúde do município de Belford Roxo (RJ), em 2002. Alyne também era mãe de uma criança de 5 anos. Sua morte levou o Brasil a ser condenado internacionalmente, em 2011, pelo Comitê para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra Mulheres (Cedaw) das Nações Unidas (ONU), com recomendações para diminuir os números de morte materna evitável, reconhecida como violação de direitos humanos das mulheres a uma maternidade segura.
A morte de Alyne Pimentel em 2002 após atendimento pela rede de saúde do Rio teve um impacto significativo na luta pelos direitos humanos das mulheres. A mãe de Alyne, Maria de Lourdes Pimentel, recebeu uma placa em homenagem à sua filha em uma cerimônia simbólica realizada em Brasília, em 2014, 12 anos após a morte de Alyne. O governo federal indenizou a família de Alyne com US$ 55 mil, a título de reparação financeira pela morte da jovem.
Desafios e Metas
Em 2022, a razão de mortalidade materna (número de óbitos a cada 100 mil nascidos vivos) de mães pretas foi o dobro em relação ao geral: 110,6. No geral, foram 57,7 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. O Brasil busca atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), com a marca de 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos, até 2030.
A Rede Alyne visa beneficiar mulheres com cuidado humanizado e integral, observando as desigualdades étnico-raciais e regionais. Durante o lançamento da iniciativa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância de que as mulheres grávidas sejam bem tratadas ao procurarem atendimento médico. ‘Nós queremos criar um programa para que a mulher seja atendida com decência, para que a mulher faça todos os exames necessários, para que a mulher possa fazer todas as fotografias que ela quiser fazer do útero para ver como é que está a criança, para que a gente possa fazer com que a mulher chegue saudável no médico e saia de lá, além de saudável, com uma criança muito bonita no seu colo’, disse o presidente.
Investimentos e Financiamento
Em 2024, o Ministério da Saúde vai investir R$ 400 milhões na Rede Alyne. Em 2025, o aporte deverá chegar a R$ 1 bilhão. Haverá um novo modelo de financiamento com a distribuição mais equitativa dos recursos para reduzir desigualdades regionais e raciais; o financiamento será por nascido vivo, por local de residência e município do atendimento. O governo também vai triplicar o repasse para a rede de saúde, visando melhorar a qualidade do atendimento às mulheres grávidas e reduzir a mortalidade materna.
Fonte: @ Agencia Brasil
Comentários sobre este artigo