Agentes públicos investigados por esquema de venda de licenças em troca de propina, parte da Operação Ragnatela.
A Operação Teia de Aranha revelou como o braço do Comando Vermelho (CV) em São Paulo montou um engenhoso esquema para lavar o dinheiro do tráfico sem chamar a atenção das autoridades. Os membros da facção, que mantém sua base em Minas Gerais, vinham investindo o lucro da venda de drogas em restaurantes e shows, segundo a Polícia Civil (PC).
Em um desdobramento surpreendente, descobriu-se que os líderes do CV estavam planejando expandir seus negócios para o exterior, visando ampliar ainda mais seus lucros. A atuação da facção em outros estados tem sido monitorada de perto pelas autoridades, que estão empenhadas em desmantelar as operações ilegais do Comando Vermelho.
Operação Ragnatela desmantela braço de Comando Vermelho
Agentes públicos estão sob investigação por suspeita de envolvimento em um esquema para lavar dinheiro proveniente da venda de drogas. A força-tarefa, composta por efetivos da PF, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal, foi acionada para desvendar as intricadas conexões desse esquema criminoso.
No epicentro das suspeitas está o Dallas Bar, localizado na Avenida Beira Rio, em Cuiabá, adquirido por R$ 800 mil em espécie. O estabelecimento, registrado em nome de Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como ‘Willian Gordão’, é apontado como peça-chave no esquema de lavagem de dinheiro. Segundo a PF, Willian teria recebido parcelas do auxílio emergencial do governo federal, levantando suspeitas sobre sua participação no esquema.
As investigações apontam para a possível ligação de Joadir Alves Gonçalves, também conhecido como ‘Jogador’, ‘Veio’ e ‘Piraquê’, uma figura proeminente no CV em Mato Grosso, com a aquisição do Dallas Bar. Suspeita-se que a casa de shows tenha sido utilizada para ocultar a origem ilícita dos lucros provenientes do tráfico de drogas.
A PF descobriu uma série de depósitos fracionados e um intenso fluxo de dinheiro em espécie, indicando a movimentação financeira suspeita. Diálogos entre os suspeitos revelam a magnitude das transações ilícitas, com menções a grandes quantias de dinheiro transferidas por meio de PIX.
Além disso, a força-tarefa está investigando os responsáveis pela produção dos eventos, suspeitando de possíveis subornos a agentes públicos para facilitar a concessão de licenças. Rodrigo de Souza Leal, assessor parlamentar do vereador Paulo Henrique de Figueiredo Masson, é apontado como o elo entre a facção criminosa e as autoridades públicas, sendo tratado pelos criminosos como um aliado.
Conversas interceptadas pela Polícia Federal sugerem que Rodrigo Leal tinha influência sobre agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá, visando agilizar a liberação de licenças para os eventos sem a documentação adequada. O ex-secretário Benedito Alfredo Granja Fontes, falecido recentemente, também é mencionado nas investigações.
A decisão judicial que autorizou a operação destaca a colaboração dos agentes públicos envolvidos no esquema, que teriam recebido benefícios financeiros em troca de facilitar a realização dos eventos. A Secretaria de Ordem Pública anunciou a abertura de um procedimento interno para apurar a conduta de um fiscal, demonstrando disposição em cooperar com as autoridades para esclarecer os fatos.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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