O relatório da correição da Corregedoria Nacional de Justiça na força-tarefa da lava jato revelou Bruno Brandão, diretor do MPF.
O relatório da inspeção realizada pela Corregedoria Nacional de Justiça na equipe autodenominada força-tarefa da ‘lava jato’ revelou que Bruno Brandão, diretor da entidade não governamental Transparência Internacional Brasil, afirmou ter sido abordado pelo então procurador da República Deltan Dallagnol, nos estágios iniciais da ‘operação’, para discutir a possibilidade de a ONG receber recursos que seriam repassados pela 13ª Vara Federal de Curitiba — que tinha o atual senador Sergio Moro como magistrado titular. A interação entre Dallagnol e Brandão levantou questionamentos sobre a conduta ética e legal da força-tarefa, alimentando debates sobre os limites da atuação dos membros do Ministério Público.
No contexto das investigações, o relatório da correição também apontou para a complexidade das relações estabelecidas entre os integrantes da equipe e entidades externas, como a Transparência Internacional Brasil. A atuação do então procurador Deltan Dallagnol e suas interações com representantes de organizações da sociedade civil se tornaram foco de análise, evidenciando a necessidade de transparência e accountability no trabalho das autoridades responsáveis pela condução de processos judiciais de grande repercussão, como foi o caso da ‘lava jato’. A divulgação dessas informações ressalta a importância da fiscalização e do controle efetivo das atividades desenvolvidas pela força-tarefa, visando garantir a integridade e a imparcialidade das investigações em curso.
Dallagnol, Deltan; na mira da Corregedoria da República
A informação foi divulgada pelo site GGN. O ex-procurador da República e deputado federal cassado Deltan Dallagnol está no centro de uma nova polêmica. De acordo com a reportagem, o depoimento prestado por Brandão — e encontrado pela Corregedoria — prova que ‘havia espaço para arbitrariedades na eleição dos possíveis beneficiários de valores nesses acordos’ firmados na operação ‘lava jato‘, conforme apontou a Polícia Federal.
No interrogatório, Brandão afirmou que não conseguia recordar se o dinheiro em questão seria proveniente dos acordos de leniência e delação premiada fechados na operação ‘lava jato’. Ele também foi questionado sobre a possibilidade de recursos oriundos de acordos de colaboração ou de leniência serem direcionados para projetos da Transparência Internacional Brasil. Brandão respondeu que não tinha certeza sobre esses acordos específicos, mas lembrou que foi sondado por Deltan Dallagnol, então procurador da República.
Apesar da proximidade com Deltan, chefe da operação ‘lava jato’, a Transparência Internacional Brasil não recebeu recursos da força-tarefa. No entanto, a ONG demonstrou interesse em colaborar para definir o destino dos recursos visando à criação da Fundação Lava Jato.
Em um relatório de apoio à correição realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba, o delegado da Polícia Federal Élzio Vicente da Silva apontou que Moro, Deltan e a juíza federal Gabriela Hardt agiram em conluio para desviar R$ 2,5 bilhões dos valores oriundos da operação ‘lava jato’ com o intuito de criar uma fundação privada.
A pretensão dos procuradores, de Moro e dos demais envolvidos foi frustrada após a Procuradoria-Geral da República, então sob a gestão de Raquel Dodge, ajuizar uma ação de descumprimento de preceito fundamental no Supremo Tribunal Federal, resultando na suspensão do acordo e no fim do projeto da fundação.
O GGN ressalta que a correição extraordinária mencionou o nome de Deltan mais de 80 vezes, porém ele não está sendo investigado no Conselho Nacional de Justiça. Os fatos serão encaminhados à Procuradoria-Geral da República, que decidirá sobre possíveis medidas na esfera penal.
Fonte: © Conjur
Comentários sobre este artigo