Oito em cada dez evangélicos da cidade não escolhem candidatos sugeridos pelo cabeça da igreja, mesmo que políticos indiquem em quem votar.
(FOLHAPRESS) – A combinação entre púlpito e palanque pode até causar alvoroço, mas não é bem recebida pela maioria dos evangélicos cariocas. São crentes que não aprovam interferências políticas de líderes religiosos e não admitem que eles influenciem em suas escolhas nas eleições, revela levantamento Datafolha realizado entre 24 e 28 de julho com 613 habitantes da cidade do Rio de Janeiro que seguem essa religião.
Esse segmento religioso valoriza a liberdade de pensamento e a autonomia na hora de decidir seu voto, demonstrando uma postura crítica diante de possíveis manipulações. Os evangélicos prezam por uma atuação mais neutra por parte dos pastores, buscando uma relação de respeito mútuo e independência nas esferas política e religiosa.
Evangelização e Política: Uma Mistura Delicada
O levantamento recente, com margem de erro de quatro pontos percentuais, revela dados intrigantes sobre a relação dos evangélicos com o cenário político. Os fiéis, representando um segmento religioso significativo, expressam opiniões marcantes sobre o papel das igrejas e seus líderes durante as eleições. Para 56% dos entrevistados, a neutralidade dos líderes religiosos é fundamental, evitando qualquer apoio explícito a candidatos. A pesquisa indica que 70% dos crentes desaprovam a ideia de líderes religiosos indicarem diretamente em quem votar.
Entre púlpito e palanque, a questão se torna ainda mais complexa. A maioria dos evangélicos parece rejeitar a ideia de pressão por parte das lideranças, com 76% indicando que os líderes não devem abordar temas políticos durante os cultos. No entanto, a realidade mostra uma mistura entre a esfera religiosa e a política, com exemplos abundantes de envolvimento político nas igrejas.
Os evangélicos parecem ter olhos críticos quando se trata da identidade religiosa dos candidatos. Enquanto 11% afirmam confiar mais em políticos evangélicos, 13% expressam menos confiança nesse grupo. A pesquisa revela nuances interessantes, com 20% dos entrevistados indicando que a fé do político pode influenciar sua confiança.
A pesquisa também aponta que a maioria dos evangélicos (55%) discorda da ideia de que política e valores religiosos devem estar sempre alinhados. A diversidade de opiniões é evidente, com apenas 30% dos crentes mencionando um político que represente seu segmento no Brasil. Bolsonaro lidera as menções, seguido por Nikolas Ferreira e Marco Feliciano.
A presença de evangélicos na política gera opiniões divergentes. Enquanto alguns consideram a representatividade adequada, outros acreditam que é insuficiente ou até mesmo desnecessária. Para a eleição municipal, a crença em Deus é considerada essencial por 87% dos entrevistados, mas a importância da mesma fé no candidato gera divisões.
Em meio a esse cenário complexo, a relação entre evangélicos e política continua a gerar debates acalorados e reflexões sobre o papel das igrejas e seus líderes no ambiente político. É fundamental que as discussões sejam conduzidas com respeito e abertura para diferentes perspectivas, garantindo que a voz dos fiéis seja ouvida sem interferências externas.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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