Pesquisadores criam ferramenta para personalizar previsões de declínio cognitivo, beneficiando cuidados de pacientes com demência e Alzheimer.
Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de São Paulo desenvolveram um modelo capaz de prever o declínio cognitivo em indivíduos com comprometimento cognitivo leve ou demência inicial devido ao Alzheimer.
Esse avanço na pesquisa sobre a doença de Alzheimer traz esperança para uma melhor compreensão e tratamento do Alzheimer no futuro.
Estudo sobre Previsão Personalizada da Progressão da Doença de Alzheimer
Um estudo recente, publicado na renomada revista científica Neurology, trouxe à tona descobertas inovadoras sobre a previsão personalizada da progressão da doença de Alzheimer. Utilizando dados de 961 participantes, os pesquisadores desenvolveram previsões que têm o potencial de revolucionar o tratamento dessa condição debilitante.
O estudo, que representa um avanço significativo no cuidado e na previsão da doença de Alzheimer, contou com a participação de indivíduos do Amsterdam Dementia Cohort, um grupo de estudo dedicado a acompanhar pessoas com sintomas de Alzheimer ao longo do tempo. Entre os participantes, 310 apresentavam comprometimento cognitivo leve, enquanto 651 tinham demência leve.
A idade média dos participantes era de 65 anos, sendo que quase metade deles eram mulheres. Para avaliar o estado cognitivo dos participantes, os especialistas utilizaram o Mini-Mental State Examination (MMSE), um teste amplamente reconhecido que mede a capacidade cognitiva geral, incluindo memória e habilidades de pensamento.
Durante o estudo, observou-se um declínio nas habilidades cerebrais de todos os participantes, refletido pela diminuição das pontuações no MMSE. Os resultados mostraram que as pontuações do teste diminuíram ao longo do tempo, indicando uma progressão do comprometimento cognitivo. Para aqueles com comprometimento cognitivo leve, as pontuações caíram de uma média de 26,4 para 21 após cinco anos. Já os participantes com demência leve apresentaram uma queda mais acentuada, passando de uma média de 22,4 para 7,8 no mesmo período.
Com base nessas descobertas, os pesquisadores desenvolveram um modelo estatístico que prevê a evolução das pontuações do MMSE ao longo do tempo para cada indivíduo. Esse modelo personalizado oferece uma ferramenta valiosa para o manejo clínico da doença de Alzheimer, permitindo prever a progressão do declínio cognitivo de forma individualizada.
Os autores do estudo ressaltam a importância desse modelo para pacientes e cuidadores, destacando que ele poderá ser utilizado no futuro para adaptar o cuidado de pacientes com Alzheimer. Ao prever os sintomas que os pacientes poderão enfrentar, o modelo proporciona uma visão antecipada do declínio cognitivo, auxiliando no planejamento do tratamento e cuidado adequados.
Além disso, os especialistas enfatizam que a previsão da evolução dos sintomas de comprometimento cognitivo leve ou Alzheimer precoce ao longo do tempo é essencial para que as pessoas com demência e seus cuidadores possam se preparar para o futuro, resultando em um cuidado mais eficaz e personalizado.
Quanto aos desenvolvimentos futuros e à aplicação clínica dessas descobertas, os cientistas já deram um passo adiante ao desenvolver um protótipo de aplicativo para médicos. Esse aplicativo inclui uma folha de comunicação destinada a compartilhar previsões com pacientes e cuidadores, além de fornecer informações essenciais sobre a doença, diagnóstico e prognóstico.
Segundo os autores, as previsões geradas por esse modelo personalizado podem ser utilizadas pelos clínicos para discutir com os pacientes o potencial impacto de determinados tratamentos, promovendo uma abordagem mais informada e individualizada no cuidado da doença de Alzheimer.
Fonte: @ Veja Abril
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