Volume de água e temperatura do oceano afetam animais marinhos, considerando topografia, exposição às ondas e estrutura populacional na estação climática.
No Morro dos Limões, na Baía de Santos. Imagem: Reprodução/Portal Guarujá A temperatura da água do oceano e a quantidade de água doce que deságua no mar são elementos que podem afetar a quantidade e o porte dos seres marinhos.
Além disso, a temperatura da água também desempenha um papel crucial na migração de diversas espécies marinhas. A variação da temperatura da água pode influenciar diretamente o comportamento dos animais marinhos, afetando seu ciclo de vida e suas rotas de deslocamento.
Estudo da Influência da Temperatura da Água na Estrutura Populacional de Animais Marinhos
É o que revela uma pesquisa conduzida por especialistas da Universidade de São Paulo (Unifesp), em colaboração com parceiros da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (Cebimar-USP) e de instituições de pesquisa internacionais. O estudo, publicado na revista Marine Environmental Research e divulgado pela Agência Fapesp em julho, analisou a influência de diversos fatores ecológicos e ambientais, incluindo a topografia do substrato, a exposição às ondas e, sobretudo, a temperatura da água do oceano e do ar, na estrutura populacional das principais espécies de animais em costões rochosos.
Área de Estudo e Resultados
A pesquisa abrangeu uma extensa área de mais de 800 km, desde Itanhaém, no litoral paulista, até Armação dos Búzios, no Rio de Janeiro. Os cientistas constataram que em regiões com temperaturas da água mais frias, como a região dos Lagos, no Rio de Janeiro, os animais apresentam um tamanho entre 25% e 100% maior do que os encontrados em áreas mais quentes, como o litoral paulista.
Para alcançar essas conclusões, os pesquisadores coletaram dados em mais de 60 costões, garantindo que todos os indicadores estivessem sujeitos ao mesmo regime de estação climática e para avaliação da predação entre as espécies predominantes. Além disso, realizaram experimentos para investigar como as mudanças climáticas poderiam afetar a predação entre os animais.
Metodologia e Análises
Além do trabalho de campo e das análises laboratoriais, foram empregadas técnicas de sensoriamento remoto e modelagem para obter informações de monitoramento por satélite da temperatura do oceano, da descarga de água doce por rios na zona costeira e da intensidade das ondas. O objetivo era compreender a variação desses fatores em uma escala de menos de 10 km ao longo da costa.
Os resultados revelaram que a maioria das espécies estudadas tende a ser menor em áreas de água mais quente. Em ambientes com temperaturas mais baixas, animais filtradores, como cracas e mexilhões, podem ser até 35% maiores; os carnívoros chegam a aumentar em até 50% e os herbívoros podem atingir um crescimento de até 130%. Uma das explicações para essa disparidade é que em águas mais quentes, os animais tendem a atingir a maturidade sexual mais rapidamente, investindo menos tempo em crescimento e resultando em tamanhos menores, priorizando a reprodução.
Impactos das Mudanças Climáticas na Vida Marinha
Outro aspecto abordado no estudo foi compreender como as populações de animais marinhos se adaptam a um ambiente que sofre alterações significativas na temperatura da água. A pesquisa destaca a importância de considerar a interação complexa entre a temperatura da água, a topografia do substrato, a exposição às ondas e outros fatores ambientais na estrutura populacional das espécies marinhas.
Essas descobertas ressaltam a necessidade de monitoramento contínuo e estudos aprofundados para compreender melhor como as mudanças climáticas podem impactar a vida marinha e as comunidades costeiras. A temperatura da água emerge como um fator crucial na determinação do tamanho e da dinâmica populacional dos animais marinhos, destacando a importância de políticas de conservação e manejo sustentável dos ecossistemas costeiros.
Fonte: @ Terra
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