Gregor Andrade, da AQR Capital Management, com US$ 110 bi sob gestão, fala sobre revolução na gestão de informações e por que o mercado brasileiro ainda não decolou.
A gestão quantitativa tem apresentado desafios interessantes em diversas áreas, inclusive na indústria de fundos. A capacidade das máquinas de processar grandes volumes de dados e otimizar as análises tem impactado significativamente os resultados. Será que estamos diante do futuro da gestão quantitativa? Acredita-se que a gestão quantitativa pode ser aprimorada com a utilização da inteligência artificial, trazendo novas perspectivas e possibilidades para o setor.
Em um mercado onde as finanças são tão cruciais, a integração da inteligência artificial na indústria de fundos pode representar um avanço significativo. A combinação de expertise humana com a precisão das máquinas pode ser a chave para alcançar resultados ainda mais eficazes. A gestão quantitativa está evoluindo constantemente, e a incorporação da inteligência artificial pode ser um passo importante nesse processo de inovação.
A importância da gestão quantitativa nas finanças
Mas com certeza, essas novas ferramentas trazem um enorme poder de análise que pode ser utilizado para obter resultados mais eficientes, ou um viés descorrelacionado do mercado’, afirma Gregor Andrade, diretor e global head of institutional business development da AQR Capital Management. A AQR tem expertise em máquinas, inteligência artificial e gestão quantitativa na indústria de fundos. Com aproximadamente US$ 110 bilhões sob gestão, a AQR foi uma das pioneiras na gestão quantitativa global, desenvolvendo diversos modelos de investimento com base em pesquisas científicas.
Esses modelos se mostraram uma maneira inteligente e descorrelacionada do restante do mercado para gerar alpha (retorno acima do índice de referência). No entanto, mesmo como uma das principais defensoras dos modelos quantitativos, a AQR não acredita que o mundo evoluirá para uma gestão totalmente automatizada. A gestora acredita que as novas ferramentas podem auxiliar a gestão de recursos a otimizar processos, mas a tomada de decisão – ou pelo menos o direcionamento da máquina para tomar uma decisão – continuará sendo um trabalho de gestores talentosos.
‘Um gestor que possui uma visão diferenciada e compreende verdadeiramente um setor consegue gerar alpha. Isso é raro, mas acontece’, afirma Andrade. ‘No universo quantitativo, o desafio é o mesmo. É identificar uma tese de investimento, um viés de mercado, que a maioria das pessoas desconhece, e assim, gerar alpha’.
Fundada em 1998 nos Estados Unidos por três acadêmicos do mercado financeiro da Universidade de Chicago e da Northwestern University (Cliff Asness, David G. Kabiller e John M. Liew), a AQR Capital Management iniciou suas atividades em uma época em que a quantidade de dados disponíveis era significativamente menor do que a atual. No entanto, ao longo de mais de 25 anos, a indústria evoluiu e representa hoje cerca de 20% do mercado global de fundos de ações.
O setor tem crescido nos países desenvolvidos, ganhando ainda mais destaque nos últimos anos com a volatilidade dos mercados. No Brasil, a AQR possui duas estratégias: o AQR Long Biased Equities, com retorno de 47,7% (em dólares) em 12 meses, e o AQR Corporate Arbitrage, com retorno de 7,5% (em reais) no mesmo período. ‘Buscamos expandir nossas operações. No entanto, o Brasil ainda é um mercado bastante fechado para investimentos, e os investidores locais parecem satisfeitos com os retornos de suas taxas de juros. Além disso, há uma falta de compreensão sobre o que é gestão quantitativa e como ela pode agregar valor ao portfólio’, destaca o diretor da AQR.
Durante uma recente visita ao Brasil, Andrade, doutor pela Universidade de Chicago e com 21 anos de experiência na AQR, onde lidera o crescimento e o atendimento do negócio global, concedeu uma entrevista exclusiva ao NeoFeed.
Confira os principais pontos abordados na entrevista: Muito se tem discutido sobre o avanço da inteligência artificial e seus impactos no mercado financeiro e na indústria de asset management: robôs poderiam desempenhar o papel de analistas e até mesmo de gestores. Como vocês visualizam essa evolução? Acreditamos que a inteligência artificial e o machine learning são técnicas quantitativas. Não vislumbramos um cenário em que apenas gestores quantitativos, ou seja, apenas gestores de recursos, sejam responsáveis pela gestão.
Fonte: @ NEO FEED
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