Estimulação magnética transcraniana trata doenças neurológicas e psiquiátricas, estimulando funções cerebrais com pulsos magnéticos.
No processo de reabilitação de pacientes que apresentaram perda de funções após doenças neurológicas ou que vivem com transtornos psiquiátricos, profissionais de saúde utilizam a capacidade do cérebro de se reinventar na reabilitação. Dentro do arsenal, está a estimulação magnética transcraniana, tecnologia para neuromodulação sem necessidade de cirurgia que permite ativar ou inibir determinadas regiões do órgão.
Além disso, a reabilitação pode ser complementada com diferentes formas de terapia para potencializar os resultados. A neuromodulação, juntamente com outras abordagens de tratamento, tem se mostrado eficaz no auxílio à recuperação de pacientes com diversas condições neurológicas e psiquiátricas.
Reabilitação: Novas Possibilidades no Tratamento com Neuromodulação
O método inovador foi recentemente introduzido no centro de reabilitação do renomado Hospital Israelita Albert Einstein como uma adição valiosa para auxiliar indivíduos com sequelas motoras decorrentes de acidente vascular cerebral (AVC), depressão e dor crônica. Essa abordagem terapêutica inovadora opera por meio de pulsos magnéticos que influenciam a atividade neuronal, visando promover a plasticidade cerebral, a capacidade do cérebro de adaptar suas funções ao receber estímulos novos e específicos. Desta forma, o método busca intensificar a reabilitação para que o paciente conquiste maior autonomia e qualidade de vida.
Ao utilizar estímulos magnéticos, torna-se viável regular a atividade de regiões cerebrais específicas, orientando a reabilitação dos circuitos neuronais. Marcel Simis, neurologista do Einstein e líder do subgrupo de neuromodulação do Grupo Médico-Assistencial de Reabilitação, esclarece que a técnica foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 2012 para o tratamento da depressão, com estudos indicando que entre 50% e 60% dos pacientes que recebem esse tratamento conseguem remissão, e cerca de 80% experimentam algum tipo de benefício com o método.
‘Esse serviço estará disponível para casos de alta complexidade. A depressão é uma das condições mais comuns em processos de reabilitação, e sabemos que ela pode interferir e limitar o progresso’, afirma Luciana Janot, especialista médica do Centro de Reabilitação e Medicina Esportiva do Einstein.
O centro realiza aproximadamente 11 mil atendimentos mensais, sendo 60% destinados a casos mais complexos, como doenças neurológicas e cardiopulmonares de alto risco, fragilidades relacionadas à idade, perda funcional pós-internação prolongada ou crítica, paralisia cerebral e complicações secundárias a diagnósticos ou tratamentos oncológicos.
Estudos recentes estão em andamento para avaliar a eficácia da neuromodulação em outras condições, como dor neuropática crônica, fibromialgia e afasia. As sessões terapêuticas têm duração de 30 a 40 minutos e são conduzidas com o paciente sentado confortavelmente. Inicialmente, é administrada uma ‘dose de ataque’, com um maior número de estímulos ao longo de cerca de dez dias, podendo ocorrer de três a cinco vezes por semana. O protocolo pode variar entre dez e 30 sessões.
Embora o estímulo seja indolor, alguns pacientes podem sentir desconforto devido à sensação de leve impacto no couro cabeludo. Para condições como transtorno depressivo, sessões de manutenção semanais ou mensais são recomendadas para manter o efeito terapêutico. O tratamento, de certa forma, é comparado a aprender um novo esporte, exigindo prática regular para obter os benefícios desejados.
É importante ressaltar que, apesar de não envolver procedimentos cirúrgicos, a terapia apresenta riscos. Portanto, uma triagem cuidadosa é essencial, e o tratamento deve ser oferecido em um ambiente hospitalar com suporte adequado para garantir a segurança dos pacientes.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo