Ministro Justiça, Félix Bolaños, apontou falhas da Igreja em responder a pedidos de reparações, variando por diocese e termos: minimizando e prevenindo contribuições.
A Espanha está planejando estabelecer um mecanismo de compensação, que será financiado principalmente pela Igreja Católica, visando auxiliar aproximadamente 440 mil vítimas de abuso sexual ocorrido ao longo de décadas envolvendo clérigos, funcionários ou professores católicos, conforme divulgado pelo ministro da Justiça espanhol, nesta terça-feira (23). Um levantamento realizado pelo Provedor de Direitos Humanos de Espanha, com base em informações de 8 mil pessoas, foi utilizado para chegar a essa estimativa de vítimas. Além disso, o relatório recomendou a criação de um fundo estatal, acusando a falta de cooperação da Igreja e buscando ‘minimizar o fenômeno’.
O ministro da Justiça, Félix Bolaños, afirmou aos jornalistas que a Igreja não atendeu adequadamente às solicitações de reparações, e que suas respostas ao relatório foram divergentes em cada diocese. ‘Nosso objetivo é agir preventivamente, oferecer compensação e tentar quitar a dívida que nossa sociedade tem com as vítimas’, ressaltou Bolaños, enfatizando a importância de medidas efetivas de indenização em situações tão delicadas.
Ministério da Justiça anuncia plano de compensação envolvendo a Igreja Católica
O esquema governamental, anunciado pelo ministro Bolaños e previsto para estar em vigor até 2027, tem o intuito de estabelecer uma fórmula de compensação ainda em fase de definição. Essa fórmula exigiria que a Igreja fornecesse ‘a totalidade ou uma parte substancial da compensação e outros elementos de reparação simbólica’. O ministro enfatizou a importância de procurar minimizar o fenômeno de abuso sexual e responder adequadamente para prevenir futuros casos.
Bolaños destacou que seu Ministério buscaria negociar com os bispos a contribuição da Igreja para um fundo de compensação e expressou otimismo quanto à disposição da Igreja em colaborar nesse processo. No entanto, a Conferência Episcopal Espanhola levantou preocupações, afirmando que não poderia aceitar um plano que excluísse vítimas de abuso sexual em outras organizações, argumentando que tal abordagem seria injusta e simplista.
Em um movimento significativo, a Igreja Católica anunciou anteriormente sua intenção de compensar as vítimas, inclusive em casos onde a justiça não pôde ser alcançada devido à morte do agressor. Para lidar com essas situações, um órgão especializado e independente será encarregado de analisar os casos e garantir que a compensação adequada seja fornecida.
Além disso, o governo planeja realizar um evento público com as vítimas e seus familiares, oferecendo uma ‘reparação simbólica’ em nome do Estado. Essa iniciativa buscará não apenas compensar financeiramente as vítimas, mas também reconhecer o sofrimento e o impacto causado pelos abusos.
Enquanto isso, em Portugal, a Igreja também anunciou recentemente que adotaria uma abordagem de compensação caso a caso, o que gerou críticas de grupos de sobreviventes. A questão da compensação continua sendo um tópico sensível e complexo, exigindo esforços colaborativos para garantir a justiça e a reparação adequadas às vítimas de abuso.
Fonte: @ CNN Brasil
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