Estudos em congresso de neurociência destacam diversão e envolvimento em atividades físicas como intervenções contra doenças crônicas.
RIO DE JANEIRO* — A expressão ‘sem dor, sem ganho’ ou ‘no pain, no gain’ tornou-se bastante conhecida no universo do fitness para ilustrar que o esforço nos exercícios, que muitas vezes traz consigo desconforto e sacrifícios, resultaria em conquistas físicas. Contudo, quando se trata da importância da prática de atividades físicas para a saúde mental, essa máxima não se faz presente.
Investir em práticas que promovam o bem-estar físico e psicológico é fundamental para alcançar um estado de equilíbrio emocional. Cuidar da saúde mental é tão crucial quanto cuidar do corpo, e encontrar atividades que proporcionem saúde mental e emocional é essencial para uma vida plena e saudável. A busca pelo equilíbrio entre corpo e mente é um caminho valioso a ser percorrido. Saiba mais sobre restrições a nomeação de políticos em empresas públicas
Saúde Mental: Equilíbrio Emocional e Bem-Estar Psicológico
De acordo com as pesquisas mais recentes sobre o assunto, são as sensações de alegria, engajamento e propósito que conduzem ao êxito. Portanto, para os especialistas, a expressão deveria ser alterada para ‘sem diversão, sem ganho‘, algo similar a sem brincadeira, sem lucro. Em meio à crise de inatividade física que resulta em 20% a 40% dos problemas de saúde, profissionais têm buscado novas abordagens para diminuir as doenças crônicas e intensificar os cuidados com questões que impactam a mente — agravadas durante a crise global de saúde da covid-19.
Nesse contexto, o exercício deve ser encarado como uma ferramenta para aliviar a ansiedade, a depressão e outros sofrimentos mentais. Esse tópico foi discutido em uma das palestras do Congresso Brain 2024: Cérebro, Comportamento e Emoções, conferência sobre neurociências que reuniu mais de 5.000 especialistas entre 26 e 29 de junho na cidade do Rio de Janeiro.
Ao recomendar as intervenções, é fundamental considerar a melhoria da saúde física, pois remédios e psicoterapia não resolverão tudo, conforme explica Felipe Schuch, professor-adjunto e líder do grupo de estudos em atividade física e saúde mental da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Dados de 2021 revelam que uma em cada cinco pessoas no mundo enfrenta algum tipo de distúrbio mental, como ansiedade e depressão, mas a literatura científica tem indicado como a adesão à atividade física pode reduzir essas dores. ‘Indivíduos mais ativos fisicamente têm 25% menos chances de desenvolver ansiedade e 18% menos de desenvolver depressão’, destaca Schuch. E quando se trata de saúde mental, isso já pode ser alcançado com metade do tempo de exercício semanal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, 75 minutos.
O ideal é que seja uma atividade vigorosa e que a pessoa atinja os 150 minutos por semana, mas isso pode ser gradual. ‘Atividades físicas leves têm um efeito menor, porém sabemos que pessoas com depressão têm dificuldade em praticar exercícios moderados a intensos e ninguém deseja sentir dor. Todos querem ter prazer.’
Atividades Físicas e Saúde Mental: Expressão e Equilíbrio
Onde praticar atividade física? As pesquisas mais relevantes e recentes apontam a importância do contato com a natureza, seja em ambientes verdes (parques e áreas arborizadas) ou azuis (próximos ao mar, lagos ou rios) para aprimorar a saúde mental. ‘Nós, seres humanos, somos atraídos por ambientes naturais e quando isso se combina com a atividade física, ocorre uma redução do estresse psicofisiológico, uma renovação para aqueles saturados e uma sensação que motiva a pessoa a continuar se exercitando’, afirma João Bento Torres Neto, neurocientista e docente da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Torres Neto explica que estudos demonstram que a natureza tem um impacto positivo no cérebro. ‘As plantas produzem substâncias que aumentam a plasticidade cerebral (capacidade do órgão de se adaptar a novos estímulos).’
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo