Pesquisadores investigaram a evolução das mariposas bella usando toxinas de plantas que comeram. Analisaram fêmeas, espécimes de museu e filamentos das estruturas.
Várias espécies do reino animal utilizam estratégias curiosas para atrair parceiros. As mariposas, por exemplo, exibem padrões coloridos em suas asas e liberam feromônios no ar para atrair os machos. Esses delicados insetos noturnos são conhecidos por seu comportamento intrigante durante a busca por reprodução.
Assim como as abelhas dançam e os vaga-lumes emitem luz, as mariposas também têm seus métodos específicos para atrair parceiros. Durante a noite, esses encantadores insetos noturnos voam em busca do par perfeito, utilizando suas asas macias e cores vibrantes para se destacar na escuridão. É fascinante observar a dança silenciosa e mágica das mariposas em meio à noite estrelada.
Estudo Revela Novas Estratégias de Atração Usadas pelas Fêmeas de Mariposas
Um estudo recente, divulgado em março deste ano, revelou que as fêmeas de uma determinada espécie de mariposa têm uma maneira surpreendente de atrair parceiros: elas utilizam um veneno encontrado em uma planta. Esta pesquisa explorou como as mariposas bella (Utetheisa ornatrix) desenvolveram a habilidade de empregar as toxinas da planta crotalária, consumidas durante a fase de lagarta, para atrair possíveis parceiros. As toxinas em questão, conhecidas como alcaloides pirrolizidínicos, não só servem para proteger as mariposas e seus ovos de predadores, como também são elementos essenciais na busca por companheiros.
Estudo Genético das Mariposas e as Plantas Toxicas
As pesquisas revelaram que, quando as mariposas estão prontas para acasalar, as fêmeas liberam uma névoa de alcaloides em aerossol, derivados das plantas que consumiram durante a fase de lagarta. Essa técnica intrigante atrai os machos, que seguem o rastro até a fonte do odor. Uma vez encontrada a parceira em potencial, os machos executam um ritual delicado, em que acariciam suavemente a cabeça da fêmea com estruturas retráteis semelhantes a dentes-de-leão. Cada filamento dessas estruturas contém alcaloides pirrolizidínicos. Se a fêmea considerar que o macho possui a quantidade e a qualidade adequadas dessas toxinas, ocorrerá o acasalamento.
Futuras Perspectivas no Estudo das Mariposas
Os resultados do estudo também revelaram que os machos, ao final do acasalamento, liberam uma substância chamada espermatóforo, que contém espermatozoides e mais alcaloides. A fêmea utiliza essa substância para impregnar os ovos resultantes do acasalamento, conferindo-lhes proteção contra predadores. A capacidade das mariposas de metabolizar essas toxinas e até mesmo utilizá-las de maneira benéfica permanece um mistério intrigante para os pesquisadores.
Potencial de Estudos Genéticos em Espécimes de Museu
Uma abordagem inovadora adotada no estudo foi o sequenciamento do genoma das mariposas bella e de 150 espécimes de museu para identificar genes específicos relacionados à imunidade contra as toxinas da planta. Esse método pioneiro destacou a importância do uso de espécimes de museu em pesquisas genéticas complexas. Segundo Andrei Sourakov, um dos pesquisadores envolvidos, essa técnica abre portas para futuras investigações nesse campo, permitindo explorar questões genéticas que, tradicionalmente, exigiriam técnicas laboratoriais mais elaboradas.
Fonte: © CNN Brasil
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