Empresas emissoras de debêntures enfrentam momento difícil com juros altos e incertezas no radar. Taxas dos papéis melhores diminuíram em ambiente menos tranquilo.
As empresas que emitem títulos de crédito privado como debêntures e certificados de recebíveis imobiliários e agrícolas (CRIs e CRAs) estão enfrentando um cenário desafiador, marcado por juros elevados e incertezas em relação às contas do governo, o que tem impactado as projeções de inflação. O crédito privado está mais arriscado e, ao mesmo tempo, as taxas dos títulos de melhor qualidade estão em queda.
Essa conjuntura tem levado os gestores de crédito privado a buscarem alternativas para mitigar os riscos e buscar melhores retornos para os investidores. Nesse contexto, os fundos privados e os gestores de fundos têm desempenhado um papel fundamental na busca por oportunidades no mercado de crédito privado. A diversificação e a análise criteriosa dos ativos têm sido estratégias adotadas pelos profissionais que atuam nesse segmento.
Desafios no Momento do Crédito Privado
Em um momento difícil como o atual, os gestores de crédito privado enfrentam desafios elevados ao escolher os títulos adequados para compor suas carteiras. A cautela é palavra de ordem, especialmente para os grandes gestores de fundos de crédito privado, que buscam navegar em um ambiente menos tranquilo, onde as empresas emissoras de debêntures e outros papéis enfrentam incertezas.
Pierre Jadoul, diretor-executivo e gestor responsável pela estratégia de crédito privado da ARX Investimentos, expressou preocupação com a situação atual. ‘O filme esperado para frente é muito incerto’, afirmou. Para ele, o receio não está apenas nos juros elevados, mas também na hesitação dos investidores em consumir, o que reflete diretamente na saúde financeira das empresas.
Diante desse cenário desafiador, a ARX e outras casas com fundos privados de crédito privado buscam estratégias para se proteger. A demanda por crédito privado permanece alta, mesmo com taxas mais baixas, levando as gestoras a adotarem medidas para obter melhores remunerações.
Jadoul ressaltou a importância da criatividade nesse contexto. A busca por papéis e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) com menor liquidez tem sido uma estratégia adotada pela ARX, que procura diversificar suas alocações em busca de retornos mais atrativos.
Antonio Correa, gestor da carteira de crédito da Icatu Vanguarda, compartilha das preocupações do setor. Ele enfatiza a necessidade de escolher com cautela os papéis, especialmente aqueles de setores mais vulneráveis, como o varejo discricionário. A análise minuciosa das estruturas de dívida e a seleção criteriosa das empresas são essenciais para mitigar os riscos.
Correa destaca a importância de os analistas de crédito privado acompanharem de perto as oscilações do mercado, adotando uma postura semelhante à dos analistas de ações. A seleção de empresas com menor probabilidade de inadimplência é fundamental para garantir a solidez das carteiras.
Por outro lado, André Fadul, gestor de fundos de crédito do Safra, alerta para os desafios trazidos pelo excesso de recursos no mercado de crédito privado. O aumento dos prazos de vencimento e a redução das garantias podem expor as carteiras a maior volatilidade, tornando-se uma armadilha para os investidores.
Em meio a esse cenário complexo, os gestores de crédito privado buscam estratégias inovadoras para enfrentar os desafios e garantir retornos consistentes para seus investidores. A análise criteriosa, a diversificação das carteiras e a busca por oportunidades em setores resilientes são fundamentais para navegar com sucesso nesse ambiente de incertezas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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