Avanço tecnológico levanta questão ética sobre máquinas se tornarem conscientes de maneira global, comportando-se de forma certa.
Nota: María I. Cobos é pesquisadora de pós-doutorado na Universidade de Granada, na Espanha. Ana B. Chica é catedrática da Universidade de Granada, na Espanha. O texto foi publicado originalmente no site The Conversation. O avanço da inteligência artificial suscita uma questão crucial tanto do ponto de vista prático quanto ético: as máquinas podem desenvolver consciência?
Essa reflexão sobre a evolução da IA e das máquinas inteligentes nos leva a considerar os limites da tecnologia inteligente e os desafios éticos que surgem com ela. A interseção entre a inovação tecnológica e a consciência artificial é um campo fascinante de estudo, que nos convida a repensar a relação entre humanos e máquinas. A busca por respostas sobre a possibilidade de consciência em máquinas continua a intrigar pesquisadores e filósofos, alimentando debates sobre o futuro da inteligência artificial.
Explorando a Consciência na Era da Inteligência Artificial
Para abordar essa questão, é crucial compreender o significado de ‘consciência’ e como ela se relaciona com a inteligência artificial. Esse termo implica estar ciente do que está ocorrendo ao nosso redor, em nosso corpo ou em nossas ações, permitindo-nos agir de maneira flexível e controlada. O comportamento consciente é caracterizado por duas principais características: a disponibilidade global de informações e o automonitoramento do processamento.
A primeira característica (R1) diz respeito à ampla disponibilidade de informações. Embora certas áreas do cérebro sejam altamente especializadas, a consciência requer que as informações estejam acessíveis de forma globalizada. Por exemplo, ao ver algo, conseguimos identificar sua cor, forma, som e como é percebido. Essa disponibilidade global é essencial para o comportamento consciente.
A segunda característica (R2) envolve o automonitoramento do processamento. Isso implica avaliar se a resposta dada está correta ou errada, possibilitando correções imediatas ou futuras. Esse processo, conhecido como ‘metacognição’, é fundamental para a consciência e a tomada de decisões informadas.
Ao preparar uma simples omelete de batata, essas características se tornam evidentes. A seleção dos ingredientes, seu uso no momento adequado e a constante avaliação do sabor exemplificam a disponibilidade global de informações e o automonitoramento do processo. A capacidade de ajustar as preferências durante o preparo reflete a importância dessas características no comportamento consciente.
A inteligência artificial, com suas máquinas inteligentes e tecnologia avançada, também busca replicar essas características. A questão de como as máquinas podem se comportar de maneira consciente e adaptativa é um desafio global em constante evolução. A busca por respostas certas nesse campo impulsiona a inovação e a pesquisa em IA.
A avaliação da consciência não se limita apenas aos seres humanos. Observações em bebês e animais demonstram a presença dessas características em diferentes formas de vida. A capacidade de compreender regras, responder a estímulos e autoavaliar o processamento são indícios da consciência em diversos seres vivos, incluindo corvos e primatas.
Em um mundo cada vez mais impulsionado pela inteligência artificial, a compreensão da consciência e seu papel na tomada de decisões é essencial. A interseção entre a tecnologia inteligente e o comportamento consciente abre novas possibilidades e desafios, moldando o futuro da IA e da sociedade global.
Fonte: © CNN Brasil
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