Usuários perderam acesso ao criador de figurinhas com IA no WhatsApp. Tecnologia generativa de IA já disponível para criação de figurinhas.
Pessoas entrevistadas e usuários de redes sociais contam que não conseguem mais acessar, no WhatsApp, o criador de adesivos com inteligência artificial, experimentado no Brasil desde o final de maio. Receba as atualizações do TNH1 em seu WhatsApp. A decisão foi notada pelos usuários após a suspensão, no dia 2, pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), da validade da parte da política de privacidade da Meta – a empresa mãe do Facebook, WhatsApp e Instagram – relacionada ao desenvolvimento de modelos de IA generativa, como o ChatGPT.
Além disso, a interrupção do serviço de adesivos com inteligência artificial no WhatsApp gerou discussões sobre a privacidade e o uso de IA em aplicativos de mensagens. Muitos usuários questionam a transparência das empresas de tecnologia na implementação de recursos baseados em IA. A suspensão do criador de figurinhas com IA levanta questões importantes sobre a proteção de dados e a regulamentação do uso de tecnologias emergentes.
Desenvolvimento de Grandes Modelos de Linguagem na Era da Inteligência Artificial
A empresa anunciou sua intenção de utilizar conteúdo público dos usuários, como textos, fotos e vídeos, para aprimorar seus grandes modelos de linguagem. Em resposta à ANPD, um representante da Meta revelou que a empresa optou por interromper temporariamente as ferramentas de IA generativa em operação no Brasil, enquanto se dedica a esclarecer as questões levantadas sobre essa tecnologia.
A ANPD rejeitou um pedido da Meta para revisar a medida cautelar em vigor, concedendo à gigante da tecnologia mais cinco dias úteis para comprovar a suspensão da política de tratamento de dados destinada ao treinamento de IAs. A decisão da autoridade brasileira foi vista como um obstáculo à chegada dos benefícios da inteligência artificial ao país, conforme mencionado pela empresa anteriormente.
Além do popular gerador de figurinhas do WhatsApp, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, havia antecipado o lançamento do pacote de inteligência artificial da empresa, conhecido como Meta AI, que estava programado para ser integrado a todas as suas plataformas a partir de julho. Embora a tecnologia já esteja disponível em alguns países de língua inglesa, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e algumas nações africanas, sua chegada à Europa e ao Brasil foi adiada devido a questões regulatórias.
A Meta também interrompeu o uso de dados de usuários do Facebook e Instagram para o treinamento de modelos de inteligência artificial na Europa, após ser questionada pelo regulador da União Europeia sediado na Irlanda. Essa medida resultou no adiamento do lançamento do Meta AI para os usuários europeus.
Nos Estados Unidos, onde não existem leis de proteção de dados abrangentes, há relatos de usuários insatisfeitos com a recusa da Meta em atender aos pedidos de exclusão do uso de seus dados pessoais no treinamento de IAs generativas, conforme reportado pelo New York Times.
A ANPD destacou a importância de fiscalizar o uso de dados para treinamento de IA, especialmente considerando o impacto sobre os direitos dos titulares, incluindo crianças e adolescentes. Com mais de 102 milhões de usuários ativos somente no Brasil, o Facebook e suas plataformas têm um alcance significativo, levantando preocupações sobre o tratamento de dados de terceiros não usuários.
O professor de direito digital da FGV, Luca Belli, ressaltou a relevância desse caso no contexto do desenvolvimento de plataformas de IA generativa, que dependem de uma grande quantidade de dados para ajustar os algoritmos durante o treinamento. A ANPD, ao instaurar esse processo de fiscalização, sinaliza a importância de garantir a proteção dos dados pessoais e a transparência no uso dessas informações para aprimorar a inteligência artificial.
Esse episódio também destaca a complexidade e os desafios éticos envolvidos no desenvolvimento de tecnologias baseadas em IA, especialmente no que diz respeito à privacidade e ao consentimento dos usuários. A interseção entre inovação tecnológica e proteção de dados continua a ser um tema crucial na era da inteligência artificial em constante evolução.
Fonte: © TNH1
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