Fundador da Bridgewater, maior hedge fund global, avisa sobre crescentes níveis de dívida pública norte-americana podendo desencadear compradores internacionais buscar mercados estrangeiros. Alta taxa de juros e desequilíbrio orçamentário podem levar a risco de instabilidade interna e neutralizar países que ganham mais do que gastam. Dívida pública altas números dão razão a preocupações sobre novas sanções e guerra civil. Balanços orçamentários ótimos são necessários para mantê-los neutros em conflitos geopolíticos.
Considerado um dos investidores mais renomados do mercado financeiro dos Estados Unidos, Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates – o principal fundo de hedge global, que gerencia US$ 112,5 bilhões em ativos -, alertou nesta quinta-feira, 16 de maio, sobre os patamares em ascensão da dívida pública dos EUA e como isso pode afetar os títulos do Tesouro de 10 anos.
Além disso, Dalio destacou a importância de monitorar de perto a situação da dívida nacional e o déficit fiscal do país, ressaltando a necessidade de ações preventivas para evitar possíveis consequências negativas no mercado financeiro global. A preocupação com a sustentabilidade da economia norte-americana frente ao cenário de crescente endividamento público é um tema que vem ganhando destaque entre os especialistas em finanças internacionais.
Dívida Pública dos EUA: Desafios e Perspectivas
Em recente entrevista ao renomado jornal britânico Financial Times, Ray Dalio surpreendeu ao adotar um tom pessimista ao analisar o quadro econômico dos Estados Unidos. O renomado investidor apontou que o país está cada vez mais vulnerável aos conflitos geopolíticos globais e à crescente polarização interna, alertando para um cenário que se assemelha a uma potencial guerra civil.
Dalio destacou que os crescentes níveis de dívida pública dos EUA, aliados às altas taxas de juros, estão exercendo uma pressão significativa sobre os títulos do Tesouro de 10 anos, que historicamente têm sido um refúgio seguro para investidores em momentos de incerteza. Os números disponíveis corroboram as preocupações levantadas pelo fundador da Bridgewater.
Segundo projeções do Gabinete de Orçamento do Congresso dos EUA, a dívida pública americana em relação ao PIB está caminhando para ultrapassar o marco histórico de 106% registrado durante a Segunda Guerra Mundial até o final da década. Essa tendência de crescimento poderá se acentuar caso não sejam implementadas medidas efetivas para lidar com o déficit fiscal do país.
Por outro lado, os custos de empréstimos nos EUA têm apresentado uma trajetória de alta, com os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos registrando um aumento significativo, refletindo a cautela do mercado financeiro em relação às perspectivas de cortes nas taxas de juros, que atualmente oscilam entre 5,2% e 5,5% ao ano.
Ray Dalio expressou sua preocupação com a redução da demanda por títulos do Tesouro para atender à crescente oferta, especialmente por parte de compradores internacionais que estão atentos à situação da dívida pública dos EUA e às possíveis sanções que poderiam ser impostas. A incerteza geopolítica e as ações do governo americano, como a imposição de novas sanções a países como a Rússia, têm contribuído para aumentar a aversão ao risco por parte dos investidores.
O renomado investidor ressaltou a importância de diversificar os investimentos em meio a um cenário de elevada volatilidade nos mercados, destacando países com sólidos balanços orçamentários, estabilidade interna e neutralidade em conflitos geopolíticos como opções atrativas para alocação de recursos. Nesse contexto, Dalio mencionou países como Índia, Cingapura, Indonésia, Malásia, Vietnã, além de alguns estados do Golfo, como potenciais destinos para investimentos.
Além disso, o investimento em ativos como o ouro tem sido uma estratégia adotada por diversos investidores, com a China se destacando por sua significativa aposta nesse metal precioso ao longo do ano.
Ray Dalio, que deixou o cargo de CEO da Bridgewater em 2021, continua atuando como consultor e membro do Conselho de Administração da empresa. Em sua análise, ele apontou para uma probabilidade crescente de os EUA enfrentarem uma espécie de ‘guerra civil’, com um risco estimado entre 35% e 40%. Esse cenário não seria caracterizado por conflitos armados, mas sim pela intensificação da polarização política e pela fragmentação do país em termos de alinhamentos ideológicos.
Diante dessas perspectivas desafiadoras, é fundamental que investidores e autoridades estejam atentos aos desdobramentos da situação da dívida pública dos EUA e às implicações que ela pode ter nos mercados financeiros globais. A busca por soluções sustentáveis para o déficit fiscal e a promoção da estabilidade econômica serão cruciais para mitigar os riscos e garantir um ambiente propício para investimentos a longo prazo.
Fonte: @ NEO FEED
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