Artigo de Paula Casarini, CEO da Colliers Brasil, sobre empresas buscando retorno ao trabalho presencial em meio à incerteza.
Desde o ano passado, temos acompanhado um aumento significativo no número de profissionais que optaram por voltar ao trabalho presencial em áreas como Copacabana, Barra da Tijuca, Ipanema e Botafogo. Mais de 30 escritórios foram ocupados entre abril e junho, com foco nas regiões Centro, Zona Sul e Barra da Tijuca. Esses espaços foram responsáveis por 55% do total de locações realizadas no Rio de Janeiro.
Com o retorno gradual ao trabalho presencial, muitas empresas têm buscado alternativas para garantir um ambiente seguro e produtivo para seus colaboradores. A implementação de protocolos de segurança e a flexibilização dos horários têm sido algumas das medidas adotadas para garantir o bem-estar no presente e no futuro próximo.
Reflexões sobre o presente e o trabalho
Os setores que protagonizaram este constante retorno foram aqueles do mercado financeiro, energia, automotivo, tecnologia e investimentos. A taxa de vacância permaneceu em 23%, mesmo patamar observado no final de 2023. Destaque para as regiões Chucri Zaidan, Pinheiros, Paulista, Itaim Bibi, JK e Nova Faria Lima que estão abaixo de 10%. Santo Amaro e Marginal Pinheiros possuem as maiores taxas, 58% e 48%, respectivamente.
Quanto custa alugar ou comprar um escritório no Brasil? Se durante a pandemia houve um momento em que todos perguntavam se seria o fim do trabalho majoritariamente presencial, a dúvida agora é se vivemos o fim do home office. No meu ponto de vista, o retorno ao presente do trabalho tende a ser híbrido e, dependendo do ramo de atividade em que se trabalha, pendendo para o presencial.
Acredito nisso por várias razões. A primeira delas é que, ao resgatar algumas notícias de 2020, obviamente percebe-se o tamanho da incerteza vivida em relação à saúde pública. Fomos obrigados a ficar em casa e foi preciso se adaptar à nova realidade – o que incluiu a utilização de plataformas como o Zoom ou o Teams, capazes de substituir quaisquer auditórios.
Neste momento de incerteza, os prédios de escritório foram esvaziados por necessidade e num segundo momento por uma falsa percepção de que o momento de crise duraria para sempre. Mas isso foi uma bolha. Naquela fase, todos estavam temerosos, sem saber o que esperar.
Conforme a vacinação foi sendo aplicada e a situação se acalmando, o pensamento geral é que não seria interessante ficar aprisionado dentro de casa. Muitas empresas acreditaram que o modelo ideal seria voltar ao presente por completo ao trabalho, como foi o caso clássico do banco Morgan Stanley, que decretou que todos deveriam voltar ao presente, e de seu maior concorrente, que reagiu decretando que seus funcionários poderiam trabalhar de forma remota.
Admito que fomos um pouco inocentes quando, em meio à pandemia, acreditamos que tudo aquilo que pode ser feito in loco também pode ser feito em casa. Já entendemos que não é verdade: há questões importantes em termos de inteligência coletiva, produtividade, inovação, criatividade.
Mas acredito também que, de lá para cá, passamos pela ressignificação do escritório. Do mesmo jeito que foi necessário reformar a casa, investir em móveis, criar espaços funcionais para o trabalho, no retorno ao presente, as empresas estão realizando o mesmo movimento e criando espaços adequados para que as pessoas possam se encontrar num mesmo dia, de forma híbrida.
Um estudo feito pela Colliers no início de 2024 indica que 59% das pessoas trabalham a partir do escritório, de forma presente; 28% em regime híbrido e 13% trabalham unicamente de forma remota. Olhando para o futuro, a partir de 2025 o número de pessoas em regime híbrido vai aumentar já que as empresas entenderam que essa decisão ultrapassa o limite do trabalho.
Fonte: © Estadão Imóveis
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