Em 2023, a Agência da ONU para as Migrações apoiou o retorno de 1.661 brasileiros de Portugal, devido à falta de moradia e aluguéis exorbitantes.
Assim como muitos brasileiros, o maranhense Silas Silva Mello, de 32 anos, decidiu retornar para Portugal em abril de 2022. Formado em Marketing, Silas planejava se estabelecer na Europa para retornar dinheiro ao Brasil, apostando na valorização do euro. Seu objetivo era ajudar suas duas irmãs e pagar as prestações de um apartamento na planta que havia comprado em São Paulo.
Com a mudança, Silas estava ansioso para se regressar à vida em Portugal e voltar a se conectar com a cultura local. Ele sabia que o desafio de retornar ao país europeu seria recompensador e estava determinado a alcançar seus objetivos financeiros e pessoais. A decisão de retornar a Portugal foi tomada com muito planejamento e expectativas positivas para o futuro.
Lucas Ferreira: A Experiência de Retornar ao Brasil Após Viver em Portugal
No entanto, após alguns meses, ele decidiu mudar de ideia e regressar ao Brasil endividado. ‘Meu sonho virou um pesadelo. Logo me deparei com a falta de moradia, aluguéis exorbitantes, e pediam 3 mil euros [hoje mais de R$ 18 mil] de caução que eu não tinha. Ainda desligavam o telefone na minha cara quando percebiam que eu era brasileiro’, relata Silas. Ele compartilha que viveu em um albergue por um período. ‘Depois consegui vaga num quarto por indicação de amigos, mas daí eu já estava quase sem recursos financeiros’, recorda. Em Portugal, Silas atuou como supervisor em uma loja na cidade de Portimão, na região do Algarve, no sul do país. LEIA TAMBÉM Moradores protestam com pistolas de água contra turistas em Barcelona Venezuela: contagem de atas por agência mostra González à frente de Maduro Oposição e apoiadores de Maduro fazem manifestações na Venezuela Sem visto de trabalho, ele enfrentava uma jornada exaustiva, sem folgas nos finais de semana, e o salário de 850 euros (hoje cerca de R$ 5,2 mil) não era suficiente para se manter no país e honrar os pagamentos no Brasil. ‘Eu estava desesperado, já estava me alimentando de sopa no centro de acolhimento e com contas para pagar no Brasil.’ Silas deixou Portugal oito meses depois, em dezembro do mesmo ano, e hoje trabalha como fotógrafo em São Paulo. ‘O que vivi lá eu não desejo para ninguém. Não guardo mágoas, mas meu sonho foi frustrado. Não quero regressar a morar na Europa.’ O retorno de Silas ao Brasil aconteceu pelo programa Retorno Voluntário, voltado para imigrantes que desejam voltar para o seu país de origem, independentemente da situação em que se encontram no exterior: regulares ou não. Programas similares de retorno voluntário de migrantes estão disponíveis em outros países. Em alguns deles, como Bélgica, Espanha e Irlanda, os governos têm parceria com a OIM, a Agência da ONU para as Migrações, que custeia passagens aéreas e emissão de documentos, oferece recursos financeiros para reintegração no país de origem, além de dar assistência psicossocial para as famílias. ‘Retornar foi um alívio’ Em Guararapes, no interior de São Paulo, Lucas Ferreira, de 37 anos, também buscou ajuda por meio do programa da OIM para regressar ao Brasil após viver quatro anos em Portugal. Lucas imigrou em 2018 para a vila da Moita, na área metropolitana de Lisboa, onde trabalhou como barbeiro, profissão que já exercia no Brasil havia 10 anos. No entanto, sem visto de trabalho, ele enfrentou condições desfavoráveis, incluindo longas horas de trabalho, sem folga aos domingos e feriados, e baixa remuneração. A situação se agravou durante a pandemia, quando a barbearia onde ele trabalhava fechou, deixando-o sem dinheiro. ‘Cheguei a pedir cesta básica, alimento em ONG, recebi ajuda de pessoas para comer. Passei por situações lá que eu nunca tinha passado no Brasil’, relembra, emocionado. Lucas voltou para o Brasil em março de 2022 e hoje tem seu próprio negócio. ‘Além das passagens e toda a documentação, recebi da OIM 2 mil euros [hoje
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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