Anielle Franco destaca declaração após pressão de movimentos de mulheres na ONU. Presidente de Portugal pronto para diálogo sobre igualdade racial.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, abordou com o g1 a relevância da reparação no reconhecimento histórico, enfatizando que a declaração do presidente de Portugal, que assumiu a responsabilidade por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil durante a era colonial, é fundamental. Ela ressaltou que esse posicionamento é um passo significativo para a reparação e para elevar o entendimento sobre a história de exploração e sofrimento passado.
Ao discutir sobre a importância da reparação, Anielle Franco destacou a necessidade de avançar nas discussões sobre indenização, compensação e ressarcimento como formas de reconhecimento e justiça para as comunidades afetadas. Ela enfatizou que o reconhecimento dos danos causados no passado é fundamental para construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde a memória e a reparação sejam pilares para o fortalecimento de relações mais saudáveis e respeitosas.
Presidente de Portugal Reconhece a Necessidade de Reparação
‘A reparação é essencial’, afirmou Anielle, realçando a importância desse tema tanto para o Brasil quanto em um contexto global. A ministra ressaltou que a declaração feita ocorreu em meio a pressões de movimentos de mulheres negras, durante o 3º Fórum Permanente para Pessoas Afrodescendentes das Nações Unidas, realizado na Suíça.
Durante o fórum, entidades como o Instituto Marielle Franco, o Odara – Instituto da Mulher Negra e as Redes da Maré exigiram um compromisso público de Portugal em relação à implementação de medidas efetivas. Entre as propostas estava o combate à xenofobia e ao racismo direcionado à população negra no país, bem como a inclusão, no currículo escolar português, do impacto do colonialismo no Brasil.
Anielle relatou que houve um contato entre seu ministério e o governo português, disponibilizando-se para colaborar na elaboração de ações concretas. Desde o ano passado, o diálogo tem sido mantido com diversos setores, como o Banco do Brasil, para discutir medidas de igualdade racial, como créditos destinados a apoiar a continuidade dos estudos e cartões específicos para empreendedores afrodescendentes.
Em consonância com essas discussões, o presidente de Portugal, Rebelo de Sousa, reconheceu a necessidade de reparar os danos causados pela escravidão e outros abusos do passado. Durante uma conversa com correspondentes estrangeiros, Sousa expressou a disposição de seu país em assumir a responsabilidade por massacres, escravidão e pilhagens ocorridas.
Apesar de reconhecer a importância da reparação, o presidente português não detalhou o processo a ser adotado. Esta foi a primeira vez que um líder máximo de Portugal reconheceu a culpa, sendo um avanço significativo em relação às declarações anteriores que apenas sugeriam pedidos de desculpas parciais.
Sousa destacou que reconhecer e assumir a responsabilidade são mais relevantes do que meras desculpas formais. Em sua visão, é crucial olhar para o passado, refletir sobre as injustiças e buscar formas concretas de reparação. Portugal, historicamente um dos principais países envolvidos no tráfico transatlântico de escravos, enfrenta agora a necessidade de lidar de forma mais transparente com sua história colonial.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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