Criação nativa de abelhas sem ferrão no Brasil há mais de 30 anos; região com diversas espécies, manejo técnico e atividades de meliponicultura.
A cidade de Santa Rosa de Lima, em Santa Catarina, foi oficializada como a Capital Nacional da meliponicultura. A legislação que atribui esse reconhecimento ao município entrou em vigor recentemente, no dia 5, quando foi divulgada no Diário Oficial da União (DOU) após a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A valorização da meliponicultura promove o desenvolvimento sustentável e a preservação das abelhas nativas do Brasil.
O avanço da atividade de meliponicultura contribui para a conservação das abelhas nativas, fundamentais para o equilíbrio ecológico. A criação de abelhas nativas é uma prática que fortalece a biodiversidade e a produção de mel de alta qualidade. A cidade de Santa Rosa de Lima se destaca como um exemplo de incentivo à meliponicultura e à preservação das abelhas nativas do país.
Meliponicultura: uma prática tradicional no Brasil
As abelhas nativas, criaturas que habitam o território brasileiro há séculos, são distintas das abelhas de origem europeia e africana, como a Apis mellifera, que foram introduzidas posteriormente. Uma característica marcante das abelhas nativas é a presença de um ferrão atrofiado, que não é utilizado para defesa. A leitura sobre as diferenças entre as abelhas nativas e as exóticas é essencial para compreender a importância da meliponicultura.
A prática da meliponicultura teve início na década de 1990, na cidade catarinense de Santa Rosa de Lima. Enxames que eram retirados de madeiras nobres destinadas a serrarias passaram a ser transferidos para caixas de maneira adequada. Com o auxílio de técnicas de manejo desenvolvidas pelo especialista Jean Carlos Locatelli, as colônias de abelhas nativas foram multiplicadas, possibilitando a disseminação dessas espécies para outras regiões do país.
Atualmente, Santa Rosa de Lima abriga mais de 25 mil colônias matrizes de 31 diferentes espécies de abelhas nativas do Brasil, como a guaraipo. Essa prática sustenta cerca de 100 famílias e contribui significativamente para a preservação da biodiversidade local. A cidade se destaca como um polo da meliponicultura, com iniciativas que envolvem a integração da prática nas esferas social e educacional.
A lei que favorece a meliponicultura foi aprovada no Senado sem emendas pela Comissão de Agricultura, com destaque para a topografia acidentada de Santa Rosa de Lima, que favorece a prática em detrimento da agricultura em larga escala. A presença de criadouros urbanos e projetos educacionais evidencia o compromisso da cidade com a educação ambiental e a conservação das espécies.
Em 95% das propriedades rurais de Santa Rosa de Lima, é possível encontrar colônias de abelhas sem ferrão, demonstrando a relevância e a disseminação da prática de meliponicultura na região. Com uma população de 2.088 habitantes, segundo o último Censo, a cidade mantém viva a tradição de colonização por imigrantes alemães e italianos, que contribuíram para o desenvolvimento local.
A meliponicultura é mais do que uma atividade econômica, é uma prática que promove a preservação ambiental, a sustentabilidade e a valorização das espécies nativas de abelhas. Santa Rosa de Lima se destaca como um exemplo de como a integração da comunidade com a natureza pode gerar benefícios mútuos e promover um ambiente mais equilibrado e saudável para todos.
Fonte: @ CNN Brasil
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