Futuro magistrado relata desafios até aprovação em entrevista ao Migalhas, destacando marco importante na Justiça Federal.
No próximo sábado, 27, a Justiça do Trabalho terá um momento significativo de inclusão. O juiz do Trabalho Márcio Aparecido da Cruz Germano será empossado – o primeiro magistrado cego a atuar na primeira instância judiciária do Trabalho no Brasil.
A nomeação de Márcio Aparecido da Cruz Germano como juiz do Trabalho é um marco importante para a Justiça do Trabalho. Sua atuação na primeira instância judiciária do Trabalho demonstra o compromisso com a inclusão e a diversidade no Tribunal do Trabalho, promovendo assim a igualdade de oportunidades na instância superior do Trabalho.
Desafios e Superações na Justiça do Trabalho
Márcio, com 44 anos, é natural de Maringá/PR e teve uma trajetória marcante no judiciário. Atuou como técnico judiciário na Justiça Federal e como analista judiciário no TRT da 9ª região, no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que, vale ressaltar, é cego da Justiça do Trabalho. Essa jornada o levou a uma importante conquista: a aprovação no II CNU – Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na carreira da magistratura do Trabalho.
Em uma entrevista reveladora ao Migalhas, o futuro magistrado compartilhou sua história de vida, desde a perda progressiva da visão aos quatro anos de idade até os desafios enfrentados por falta de acessibilidade e inclusão. Márcio destacou a importância da inclusão e da infraestrutura acessível para que pessoas com deficiência visual possam alcançar seus objetivos no judiciário.
Ao longo de sua jornada acadêmica e profissional, Márcio enfrentou obstáculos como a falta de material em braile e a necessidade de apoio de colegas para acessar os conteúdos de estudo. No entanto, com a evolução da tecnologia e a disponibilidade de recursos acessíveis, como leitores de telas e livros digitais, ele pôde se dedicar aos estudos e conquistar aprovações em concursos.
A experiência de Márcio na primeira instância do judiciário Justiça do Trabalho, tanto como técnico quanto como analista, foi fundamental para seu crescimento profissional. Escrever minutas de votos para o desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca foi um marco em sua carreira, preparando-o para o desafio de se tornar juiz.
Em 2024, Márcio está prestes a assumir o cargo de juiz do Trabalho em São Paulo, refletindo não apenas sua dedicação e competência, mas também a importância da inclusão e da acessibilidade no ambiente de trabalho. Sua participação no II CNU e a sensação de competir em igualdade de condições com os demais candidatos ressaltam a necessidade de garantir oportunidades justas para todos os profissionais do judiciário.
Na Justiça do Trabalho, a presença de magistrados com deficiência visual, como o desembargador Ricardo Tadeu e o desembargador Marco Antônio Paulinelli de Carvalho, do TRT de Minas Gerais, destaca a importância da diversidade e da representatividade no ambiente jurídico. A inclusão de profissionais com diferentes habilidades fortalece a atuação do judiciário TRT e promove uma justiça mais inclusiva e equitativa para todos os cidadãos.
Fonte: © Migalhas
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