Profissionais brasileiros combatem desigualdades com investimento em sistemas de detecção de infecções respiratórias virais.
A pandemia de Covid-19 ressaltou a relevância dos testes rápidos na identificação precoce de possíveis surtos e na adoção de medidas de prevenção e controle. A realização de testes rápidos é fundamental para monitorar e combater eficazmente as infecções respiratórias agudas, contribuindo para a proteção da saúde pública e a estabilidade econômica.
Investir em sistemas de diagnóstico rápido e testagem rápida é essencial para fortalecer a capacidade de resposta a emergências de saúde, garantindo uma abordagem ágil e eficiente diante de cenários desafiadores. A utilização estratégica de testes rápidos é crucial para aprimorar a vigilância epidemiológica e promover a rápida identificação de casos, possibilitando a implementação de medidas preventivas de forma assertiva.
Investimento em Testes Rápidos para Diagnóstico Rápido
Em 2019, por exemplo, os custos relacionados a essas infecções foram estimados em 834 milhões de dólares na América do Sul. Nas Américas, influenza e SARS-CoV-2 são os dois patógenos virais respiratórios mais prevalentes na população geral, correspondendo a cerca de 7% e 13%, respectivamente, segundo a FluNet (ferramenta global baseada na web para vigilância virológica da influenza que registra dados dos Centros Nacionais de Influenza – NICs). Ainda que a América Latina tenha feito progressos no fortalecimento dos sistemas de informação e vigilância durante a pandemia, é essencial continuar investindo na testagem e na integração de sistemas de informação. Isso deve incluir desde métodos de detecção sofisticados e tecnologias de sequenciamento em níveis mais elevados, mas também um diagnóstico por meio do teste rápido no posto de atendimento. No ano passado, eu e outros sete especialistas da América Latina, nos reunimos para discutir a importância do manejo das infecções respiratórias agudas por meio dos testes rápidos. O estudo, publicado este ano no periódico Covid, apontou que os testes rápidos podem ser usados para nortear a tomada de decisão em políticas de saúde pública, controlar surtos e prevenir infecções, e apoiar os esforços de vigilância. Como podem ser realizados e interpretados tanto pela equipe de saúde quanto pelo indivíduo, um membro da família ou um cuidador do indivíduo que está sendo testado, tornam-se uma opção rápida, sensível e de baixo custo. As evidências indicam, por exemplo, que um diagnóstico rápido e descentralizado pode reduzir o uso desnecessário de antibióticos e permitir o tratamento rápido de infecções virais cuja janela terapêutica é estreita; reduzir infecções secundárias; interromper a cadeia de contágios; diminuir admissões hospitalares e sobrecarga em serviços de saúde; e encurtar o tempo de internação ou em departamento de emergência, o que pode levar a uma melhora nos resultados clínicos, prevenindo a, hoje importante, disseminação nosocomial, aliviando o sistema de saúde como um todo. Além disso, trata-se de uma forma eficaz de enfrentar as desigualdades no acesso ao diagnóstico, um desafio comum na América Latina, transpondo barreiras de comunidades vulneráveis e áreas rurais. Os testes rápidos podem permitir aos estados adotar tecnologias e métodos de rastreamento mais novos, rápidos e personalizados, construindo sistemas de saúde rapidamente reativos, enquanto a comunidade científica monitora e estuda a evolução dos patógenos isolados. A possibilidade para o uso de testes de antígeno e moleculares múltiplos, que podem detectar simultaneamente ou identificar vários analitos (componentes) a partir de uma única amostra, potencializam o arsenal diagnóstico possibilitando maior efetividade clínica com o potencial de ganho de tempo e recursos. Por estas vantagens, os testes rápidos têm recebido cada vez mais atenção, especialmente em cenários desafiadores ou extremos, cada vez mais.
Fonte: @ Veja Abril
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